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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Artigos, Dicas e Insights! ;)

:: Pedra, Papel e Tesoura ::
A Hierarquia do Seu Arsenal em Um MTT


Antes de mais nada quero deixar bem claro que a autoria desta analogia não é minha, mas sim de Arnold Snyder, autor de diversos livros de Blackjak e Poker, entre eles o ótimo The Poker Tournament Formula, onde a tal comparação é apresentada. Bom, então vamos ao que interessa...

Todos devem conhecer o jogo Pedra, Papel e Tesoura, mas para quem não sabe é o seguinte: este é o jogo de RPG mais elementar que existe, basta escolher uma arma e desafiar o adversário, a melhor arma no duelo vence. A hierarquia é da seguinte forma: a pedra quebra (vence) a tesoura; a tesoura corta (vence) o papel; e por sua vez o papel embrulha (vence) a pedra. Simples, não é? Sabido isso o jogo é como um par ou impar, mas ao invés de números utilizam-se os símbolos com as mãos, onde: a pedra = o punho cerrado, o papel = a mão aberta, e a tesoura = o vê de vitória (apenas o indicador e o dedo médio levantados e abertos).

Bom, agora você deve estar se perguntando, mas e o que isso tem a ver com o
Poker? Acontece que em torneios de múltiplas mesas (MTT = multi-table tournaments), você tem um arsenal composto por três armamentos: suas CARTAS, sua POSIÇÃO e seu STACK. E assim como no joguinho elementar, no Poker (que de elementar não tem nada) também existe uma hierarquia entre as armas.

A primeira impressão pode ser de que as cartas ganham sempre, mas não é bem assim. Boas cartas podem ganhar, mas elas são raridades. Quantas vezes em um torneio você flopa o nuts? Se você se convencer disso será mais fácil concordar com a analogia. 


Então no
Poker:
- STACK (suas FICHAS) representam a PEDRA;
- POSIÇÃO na mesa é a TESOURA;
- CARTAS são o PAPEL.

Isto mesmo: as cartas vencem as fichas, as fichas vencem a posição e a posição vence as cartas!

Fácil? Nem tanto, mas vou tentar explicar. De qualquer forma sugiro que leiam o livro de Snyder para uma explicação mais detalhada e uma compreensão mais ampla.

A parte mais simples de aceitar é: As cartas vencem as fichas (o papel embrulha a pedra). Isso nada mais significa que com boas cartas você não precisa temer o chip leader de sua mesa, bem pelo contrário, você quer definitivamente ele, pois poderá dobrar seu stack! Simples e óbvio.

Um pouco mais sutil é: Fichas vencem posição (a pedra quebra a tesoura). Você se sente confortável ao pagar um aumento ou mesmo re-aumentar o chip leader da mesa simplesmente por saber que falará depois dele após o flop? Eu não, a não ser que eu tenha cartas!! O que Snyder quer dizer é que as fichas impõem respeito e você pode jogar mais solto com uma considerável pilha de fichas na sua frente, se beneficiando da pressão que você poderá exercer sobre seus adversários com o poder das fichas. Da mesma forma que você deverá respeitar um adversário bem munido quanto você está mais apertado ou mesmo em uma situação intermediária no que diz respeito ao volume do seu stack.

Agora o ponto delicado e mais sensacional: A POSIÇÃO VENCE AS CARTAS (a tesoura corta o papel)!!! Essa é realmente difícil de engolir, mas vamos lá. Como eu já disse, quando falo em cartas não me refiro a grandes jogos, pois estes são exceção. Refiro-me às cartas distribuídas de forma aleatória, onde sabemos que na maioria das vezes temos jogos razoáveis. Dito isto, a questão é a seguinte: aprenda a jogar sua posição para acumular fichas de forma contínua em um torneio rápido. As cartas boas vem de vez em quando de forma aleatória, um stack consistente (para poder jogar as fichas) depende de seu sucesso durante o torneio, mas a posição se alterna de forma ordenada entre todos os participantes do torneio e cabe a você utilizá-la de forma adequada e tirar proveito dela a cada oportunidade.

A sugestão do Snyder para praticar o jogo de posição é jogar sem olhar suas cartas de acordo com o seguinte esqueminha:

De qualquer umas das posições finais (Button, Cut off ou hijak seat) dê um raise padrão (média de 3x o valor do big blind) sempre que ninguém tiver entrado de raise antes de você. Se for pago por um dos blinds e o adversário der check no flop aposte metade do pote. Se essa situação se repetir no turn faça o mesmo (enquanto o adversário apenas pagar e der check aposte você metade do pote). Vá até o river!!! Caso ele aposte antes de você ou dê re-raise no flop ou turn, olhe suas cartas e jogue de acordo com elas, e se estas permitirem continuar na mão, calcule pot odds para ver se será rentável um call no longo prazo. Caso contrário, não hesite em foldar.

Se estiver no Button e um advesrário tiver feito um aumento padrão pague e siga a mesma estratégia para o flop, turn e river citados no parágrafo anterior. A mesma coisa se um ou mais adversários tiverem entrado de limp, pague e aposte nas rodadas seguintes se eles demonstrarem fraqueza.

Parece loucura? Na verdade o que você está fazendo é JOGANDO AS CARTAS DO ADVERSÁRIO. E como na maioria das vezes as cartas não são realmente fortes, você ganhará!! É claro que você poderá ser pego de vez em quando, quando encontrar um calling station por exemplo, que vai pagar até o fim sem apostar uma vez sequer, mas aí entra a sua leitura também - utilize-a durante toda a mão. Nem tudo é tão simples, mas de qualquer forma vale o teste. Garanto que você vai se surpreender assim como eu me surpreendi com o resultado.
..
Para concluir gostaria de reforçar que este tipo de estratégia tem MAIOR VALOR em torneios rápidos. De acordo com Snyder estes são torneios onde o jogador mais tight do mundo (aquele que só joga com par de AA naipado!!! lol) será engolido pelos blinds em no máximo duas horas e meia (em torneios live). No livro o autor explica muito bem como adaptar a estratégia de jogo ao ritmo do torneio, levando em conta a quantia inicial de fichas, a estrutura dos blinds e o intervalo de cada nível. É uma abordagem bem interessante e diferenciada da maioria dos livros que já vi. Garanto que vale a pena tentar!!!
;)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Críticas sobre a enquete! ;]

Críticas são sempre bem vindas -- segue abaixo minha opinião profissional a respeito:

Comentário do amigo Tadashi:  "Como esse blog é pra servir de meio de comunicação pra galera do poker do RS, vou deixar uma crítica. Pensem nos torneios que vc´s estão pedindo, só querem saber de torneios garantidos e esquecem de pensar nos clubes que oferecem esse suporte, se o clube quebrar, onde vc´s vão jogar? em casa? com pano na mesa da cozinha? cadeiras de plástico? Por favor... pensem mais no esporte e na situação geral dele aqui no estado, e não só na parte financeira de vc´s. Outra coisa, reclamam que não tem torneio bom, seguinte, sábado passado teve um excelente torneio, buyin de 250, sem rebuy sem addon. Onde estavam os que reclamam da falta de torneio???"



Tadashi, vou expor meus argumentos, de quem tem experiência de 5 anos de Holdem e também em torneios por todo o Brasil: 

Cara, não são necessários torneios com add on para um clube ser rentável e não quebrar, etc... 


Vamos citar pequenos exemplos: 

Em SP, RJ, SC e PR existem diversos torneios sem rebuy e add on, que resultam em excelente rentabilidade para seus clubes -- como o próximo 750K que acontecerá em SP, e diversos outros como o 500K do Zahle, etc...



Outro exemplo simples: o BSOP, mesmo sem ter estrutura de um clube fixo, sempre conseguiu ser rentável para seus administradores, mas com muito trabalho, estudo e persistência, obviamente. E seguem com a média de 200 a 500 players, mesmo sem add on e com buy-in de valor seletivo.



A questão toda a respeito de bons torneios, se resume na competência (e principalmente, no CONHECIMENTO do Poker) por parte de administradores e diretores de torneios e não no fato da estrutura ter ou não add ons, para que seja rentável, pois torneios mais técnicos trazem mais jogadores, ao passo que as atuais estruturas com add on que temos, afastam quem tem mais conhecimento do assunto (pode-se verificar isso pela ausência de vários excelentes jogadores nos torneios semanais -- com certeza este fato não é mera coincidência).


A prática de ter (na maioria esmagadora) torneios com rebuy e add on, foi um costume instalado  AQUI no RS, por profissionais de outros ramos que começaram a se interessar pelo Poker e viraram diretores de torneios. Já a maioria dos melhores diretores de torneios no país, eram primeiramente bons jogadores, conhecedores dos fundamentos do Texas Holdem e, como conseqüência disto, conseguem realizar eventos excelentes. Só pra citar alguns: Robigol (Stack Eventos), DC, Eltom e Brasa (Nutzz!).

Como todos nós jogadores gaúchos, começamos a jogar o Texas Holdem somente um bom tempo após os paulistas, a falta de conhecimento mais técnico leva a uma aceitação de que essa estrutura com add on seja a única e que somente assim um clube poderia se manter, o que não é verdade. 


Outro exemplo, agora bem regional: o CGP era um torneio com estrutura técnica excelente, sem add ons, com buy-in de R$ 300,00 e tinha um público fiel de mais de 40 players -- mesmo sem dispor de uma grade FORTE de satélites (se bons satélites, com a devida antecedência, existissem na época, com certeza absoluta atingiriam 100 players participantes). E este circuito só deixou de existir devido à falta de tempo dos amigos que organizavam, pois não tinham a direção de torneio por profissão -- e mesmo assim, se esmeiravam em estudar as regras para que não ocorressem os  absurdos que temos visto acontecer ultimamente nos torneios.


Concluindo:
 

Os rebuys não são o "X" da questão, mas sim o ADD ON. Torneios podem sim, apresentarem a possibilidade de rebuys e serem ao mesmo tempo técnicos, porém devido às estruturas atuais apresentadas no estado, seria inviável para o jogador participar de um evento sem realizá-lo.

Explicando este conceito: 95% dos torneios online com add on, o valor de fichas deste é exatamente igual ao valor do stack inicial (com um stack inicial de 3K, o add on = 3K), tornando-o opcional, para aqueles jogadores que tomaram algumas fatiadas antes do break ou para os que desejam adicionar estes 3K (o que geralmente não adiciona grandes vantagens, visto que até o primeiro break, os blinds ainda estão baixos se compararmos ao stack inicial).

na estrutura atual de nossos torneios gaúchos, temos torneios com stacks iniciais de 3 mil fichas e add on's na média  de 5 a 8 mil fichas, tornando praticamente crucial que cada participante os realizem -- pois agregam vantagens exageradas aos players que o adicionam, ao passo que deixa em boa desvantagem os players que não o fazem -- ou seja, os add on's que temos atualmente são estratégias de arrecadamento financeiro, devido ao fato que torna praticamente obrigatório sua realização. 

E pra finalizar, outro exemplo que DESMONTA com os add on's praticados no RS: 
O CPH (Circuito Paulista de Holdem), conta com rebuys e add on na estrutura, mas olhem a diferença:

CPH:  
buy-in  = R$ 250,00
rebuy   = R$ 150,00
add on  = R$ 150,00

AGORA SIM, isso demonstra respeito pelos jogadores, visto que o add on não é mais caro que o buy-in - ou seja, não é um add on "caça-níquel" e sim um valor decente que será agregado ao prize pool, sem explorar os players. Se é para ter add on na estrutura, esse seria o ideal!


Tadashi, volto a ressaltar que o que escrevo aqui, são apenas minhas opiniões pessoais, baseadas em minha experiência no assunto, bem como, baseadas em deduções lógicas que qualquer player pode analisar.


E faço questão de dar minha opinião sobre alguns dos comentários do amigo, pois sei que ela será bem recebida -- talvez não 100% aceita, mas 100% respeitada  ;)  lol  :


1- "pensem mais no esporte e na situação geral dele aqui no estado, e não só na parte financeira de vc´s..."

Acredito que, sempre que há envolvimento financeiro, todo player DEVE SIM, refletir na relação custo/benefício, visto que está investindo um recuso seu -- e não apenas visando a vitória -- mas também o retorno financeiro -- obviamente. (E mais uma vez, um add on exagerado e de valor considerável, prejudica este custo/benefício em diversos dos torneios que temos disponíveis).


3- "...sábado passado teve um excelente torneio, buyin de 250, sem rebuy sem addon. Onde estavam os que reclamam da falta de torneio??? "

 Achei a idéia deste torneio muito boa, mas saliento que alguns pontos prejudicaram a quantidade de players participantes (e relato aqui, como uma sugestão para os próximos):


a) - A divulgação do evento foi bem fraca, comparando-se aos torneios atuais que temos. E o principal: deve constar nesta divulgação exatamente a estrutura de blinds que a mesma apresentará, pois esperar que os jogadores se desloquem até o local para só no momento do torneio terem acesso a essas informações é uma falha -- este são dados importantíssimos, que todo bom player considera antes de investir em um evento. 

Fica minha sugestão aos amigos e organizadores, para que conste estes dados no site ou email/meios de divulgação do evento, como acontece em todos os bons torneios no país.


b) - Acredito que a antecedência da divulgação deve ser maior do que 7 dias, possibilitando que os jogadores busquem recursos para a participação do mesmo através de satélites, cash games, ou até mesmo torneios menores. A antecêdencia na divulgação demonstra boa organização e beneficia os players com esta possibilidade de planejamento estratégico, o que resultará em um bom field e  maior participação nos eventos futuros!



E a "reclamação" é um direito de todos, os quais tem o direito de opinar tanto 'live', quanto na mídia  -- ou seja, liberdade de expressão! ;)




- Sempre que acreditarmos que algo pode melhorar, será opinado neste blog;


- Sempre que presenciarmos erros NEGLIGENCIADOS (como o nível de blinds descartado no evento 30K, falha que foi apontada e que era fácil de se corrigir, mas não o foi), será opinado neste blog;

- "Reclamar", criticar e sugerir, são algumas das maneiras de que uma sociedade se vale, para que as situações expostas melhorem, para o benefício de ambas as partes -- e sendo assim..sempre estarão neste blog! 

Saliento que as opiniões aqui descritas, não visam prejudicar ou beneficiar nenhum clube específico, mas sim, demonstrar fatos no contexto geral do Poker no RS para que hajam melhorias sempre que possível, evoluindo assim, o nível do Poker no estado! ;] 

Abraços, Sobral.






quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Objetivos




Seguem apenas dois (de muitos) exemplos de absurdos que vemos acontecer, os quais me levam a crer que estamos precisando urgentemente de um Diretor de Torneios competente e que ENTENDA REALMENTE do assunto em Porto Alegre (será que o D.C. aceita vir pra cá?? hehe):

 1° » Alguém já tinha visto um "side event" (Second Chance) de um torneio com 100K GTD,  NÃO TER 'ANTE' na estrutura de blinds??
# DÚVIDA: será que a organização de um evento como este não entende a importância do ante em um torneio de Poker??? Inclusive já escutei organizadores dizendo: "ante só serve pra atrapalhar os dealers e atrasar o torneio" (OMG)  lol


Segue então a explicação do (importantíssimo) ANTE:


"Antes is an essential part of any poker game, as they serve as a means to encourage action and build large pots. Depending on which game you are playing, you need to know how to deal with both the blinds and antes."

Resumindo:
"O ante é uma parte essencial de todo o jogo de poker, porque serve para incentivar a ação e construir grandes pots."

É essencial para os short stacks, pois tem mais chance de crescer ganhando um bom pot -- e é de igual importância para os medium e big stacks, pois podem se valer desta vantagem para crescer ainda mais.

E melhorando a segunda frase: É essencial para um bom jogador, desenvolver estratégias para cada nível de blinds e antes, para que os torneios sejam lucrativos a médio e longo prazo.

2° » Em outro evento de porte, com premiação garantida de 30K, os players, proativamente, sinalizaram que os blinds haviam pulado o nível 500/1.000 -- indo diretamente do nível 400/800 para 600/1.200.

# RESPOSTA DO MISTÉRIO: foi informado no microfone: "este torneio está sendo realizado com a estrutura de torneios do Venetian Cassino (Las Vegas)"....  (aaaaahhh booooom...)

Encontrei a informação de que seria utilizada tal "a estrutura do Venetian" EM APENAS UM dos '453' emails enviados, informando sobre o evento -- e a  informação constava da seguinte forma:

ESTRUTURA DE BLINDS VENETIAN CASINO
25-50, 50-100, 75-150, 100-200

Dá pra perceber que falta algo? É justo não divulgar e ressaltar exatamente como será a estrutura de um evento de valor razoavelmente alto, onde níveis de blinds simplesmente são descartados e que é completamente fora dos padrões de torneios que os players estão acostumados no Brasil???  



Pois bem, caros amigos e leitores, segue o site do THE VENETIAN CASINO - LAS VEGAS, onde constam as estruturas de blinds utilizadas em todos os seus eventos:


Como podem notar no link "Blind Structure for all Deep Stack NO LIMIT Events", um certo nível 8 consta exatamente como:

8th Level:  $100 $500-$1,000


WTF???????????????   Pelo jeito não avisaram o diretor do VENETIAN que esse nível não está mais em uso!  LOL  :)

 

Com certeza eu seria um dos players que, caso soubessem previamente desses níveis de blinds descartados, não jogaria o evento.  E você?